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Amamentar é mais que um ato de amor, possui funções de proteger e nutrir o neonato. Quando a amamentação ocorre logo após o parto, são estimulados vários fatores primordiais geneticamente programados que proporcionam muitas vantagens para mãe, como reduzir a incidência de câncer de mama, osteoporose, aumentar o vínculo afetivo entre mãe e filho, reduzir risco de depressão pós-parto, retornar o tamanho do útero mais rápido em comparação com uma mãe que não amamenta. Para o recém-nascido o colostro (o primeiro leite produzido pela mãe que é mais concentrado e mais espesso, amarelado e pegajoso) oferece anticorpos de mãe para filho, diminui também a incidência de anemia, alergias, diarréia, infecções e obesidade; possui o melhor desenvolvimento intelectual e motor, a criança se torna muito mais calma comparada com uma criança que não amamentou (REGO,2008).
Porém, o desmame precoce ocorre freqüentemente, isso devido vários motivos como: má postura na realização da mamada, existência de mamilos pseudo-invertidos, mamilos protusos, fissuras, ingurgitamento mamário, mastite, mau cuidado com a higiene das mamas, técnica inadequada de retirada do mamilo na função de amamentar, prejudicando ambos. Isso ocorre devido à mãe não estar preparada ou desconhecer os benefícios que proporcionam o simples ato de amamentar.
Tipos de mamilos (Vinha 1999):
Mamilos Protusos ou normais são presentes na maioria das mulheres (92%); quando estimulados ficam salientes, projetando facilmente para frente, um pouco mais que a sua posição normal, proporcionando facilmente a realização da amamentação (VINHA,1999).
Semiprotuso, Plano ou Subdesenvolvido: apresentam-se em 7% das mulheres, com pouca exposição do mamilo presente na região areolar, não havendo limitações entre o bico e a aréola. Martin (2001) confirma que os mamilos planos possuem essa anatomia devido aos ligamentos se unirem aos ductos dos mamilos, ocasionando um encurtamento e ligeira descentralização. Os ligamentos puxam os mamilos; invertendo-os.
Mamilos Pseudo-invertidos ou Malformados, presentes em 0,5% das mulheres, encontram-se no sentido oposto ao mamilo normal, são mamilos que não se projetam para fora.
Reflexo na produção do leite materno:
Rabboni (2001), relata que quando o recém nascido realiza o ato de sucção, automaticamente ocorre excitação das terminações nervosas que levam informações através da via aferente até a hipófise, glândula localizada no cérebro na região anterior, com função de produzir a prolactina, sendo liberada na corrente sanguínea até chegar nos alvéolos acionando as células secretora ativando impulso na hipófise, também será produzido hormônio Ocitocina, liberado pela região posterior que irá cair na corrente sanguínea chegando nas células mioepiteliais, que envolvem os alvéolos realizando a sua contração e a descida do leite pelos ductos que percorrem até chegarem nas ampolas lactíferas.
(MURAHOVSCHI et al.,1985)
Segundo UNICEF (2007) os problemas precoces detectados na amamentação foram com relação ao posicionamento, onde algumas mães dificultam a pega ou retirada adequada da mama, podendo ocasionar traumas mamilares, mamadas pouco eficientes e o não esvaziamento completo da mama, com conseqüências negativas para a produção de leite e para o crescimento do bebê. Muitas mães amamentavam em posição desfavorável, ou seja, mantinham o corpo da criança distante do seu, ficando inclinadas sobre ela; seguravam-na apoiando apenas o ombro e a cabeça. Grande parte dos recém-nascidos precisava virar o pescoço para mamar, consequentemente, o queixo não tocava o seio materno. Todas estas condições tendem a dificultar a pega adequada.
Aqui estão algumas posições para facilitar o ato de amamentar:
Posição Sentada
A mãe deve estar sentada confortavelmente e tranqüila, com as costas apoiada e alinhada no encosto do sofá com pés e os ombros relaxados;
- O rosto do bebê deve estar de frente para o peito da mãe;
- A mãe deve deixar que o bebê vá ao encontro do seio materno;
- O corpo do recém nascido deve encostar-se ao abdome da mãe;
- A cabeça da criança ombro e a região glútea devem estar na mesma direção;
- A mãe deve apoiar a região glútea do bebê, com a mão, almofadas ou travesseiros para favorecer e manter uma pega adequada;
- A mãe deve evitar curvar-se para ofertar o nutriente ao lactente, pois assim pode evitar dores lombares, em região posterior do tronco, cervical e desconforto;
- O importante em todas as posições é que o bebê comprima o queixo e a língua em distintos locais da aréola e mamilo (VINHA; REGO, 1999, 2008).
Posição Encostada
- As costas da mãe devem estar apoiadas em uma almofada ou travesseiro.
- A mãe deve estar bem confortavelmente e tranqüila, com pés e os ombros relaxados;
- O rosto do bebê deve estar de frente para o peito da mãe;
- A mãe deve deixar que o bebê vá ao encontro do seio materno;
- O corpo do recém nascido deve encostar-se ao abdome da mãe;
- A cabeça da criança ombro e a região glútea devem estar na mesma direção;
- A mãe deve apoiar a região glútea do bebê, com a mão, almofadas ou travesseiros para alvorecer e manter uma pega adequada;
- O importante em todas as posições é que o bebê comprima o queixo e a língua em distintos locais da aréola e mamilo;
- Esta posição é muito utilizada para alivio de dores em casos de parto Cesário (VINHA; 1999).
Posição deitada
- Na posição deitada, ambos devem estar os mais confortáveis possíveis.
- Esta posição favorece o descanso da mãe e da criança.
- O bebê deve estar alinhado junto ao corpo da mãe.
- A mãe e o bebê devem estar em posição onde um se encontra em enfrente um do outro, barriga da lactente deve estar encostada na barriga da parturiente.
- O peito ofertado para a criança será sempre o do lado que está apoiado na cama.
- A posição deitada favorece para alivio de dor em casos de mãe que sofreu parto cesárea (MARTIN, 2001).
Posição Invertida
- Na realização da posição sentada invertida a mãe deve colocar o corpo do bebê debaixo da axila.
- A parturiente deve manter o ventre do recém nascido apoiado sobre as costelas da mãe.
- O corpo do bebê deverá estar totalmente apoiado pelo braço materno e a cabeça suspensa pela mão.
- Essa posição é excelente para que o bebê realize uma boa “pega” em toda a porção da aréola com sua boca (MARTINS, 1987).
Posição Australiana
- A mãe se posiciona em decúbito dorsal e o lactente em seu seio. Seus pés perto da orelha da mãe e a barriga da criança apoiado no ombro e queixo da mãe. Essa posição é utilizada em crianças pequenas de pequeno porte (MARTIN; 2001).
Posição Cavaleira ou Vertical
- Mãe em decúbito flower com posição semi-sentada, pode utilizar um travesseiro para apoiar o bebê no colo, para que fique sentado de frente para a ela. Deve também trazer a cabeça da criança em direção ao seio,
- Considerada uma ótima posição para ser utilizada para as crianças mais velhas que desejam ficar sentadas. Geralmente usada para crianças com problemas de congestão, refluxo, infecção no ouvido ou lábios-porinos (MARTIN, 2001).
Posição em C
- A mãe deve colocar a palma da mão sob o seio para apoiá-lo o mais perto possível da pele do peito;
- A mão deve ficar no formato da letra C. Manter os dedos longe da aréola para não atrapalhar o bebê quando for pegar o peito para a realização da mamada;
- Enquanto o outro braço oposto abraça e acolhe a criança, apoiada no colo da parturiente;
- A mãe deve levar o bebê de encontro com o mamilo e observar se a pega envolveu quase todo o mamilo;
- O apoio ao seio deve ser realizado delicadamente com a mão. Enquanto lactente mama tranquilamente;
- Método mais utilizado para as mães que possuem grande volume mamário (MARTIN, 2001).
Posição de Berço
- A primípara deve estar em posição confortável, barriga da criança deve estar encostada com a da mãe. Um olhando para o outro.
- A mãe deve apoiar a cabeça da criança na dobra do cotovelo, com o antebraço e a palma da mão, apoiando as costas e bumbum da criança.
Silvana Hechem Navarro é fisioterapeuta (CREFITO-3/56.309-LTF) e acupunturista, bem como é professora e coordenadora de ambulatório do Instituto Long Tao.