Lula se espeta para aliviar a dor – Por Jornal da Tarde

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusa, pelo menos por enquanto, a operar o ombro para se curar da bursite. E lança mão de terapias como acupuntura e fisioterapia para aliviar as dores e tentar eliminar o problema.

 
Unha-de-gato, óleo de pequi, arnica, semente de mamoma e cremes à base de mel. Se dependesse das sugestões de “tratamentos” enviadas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao longo da semana, a bursite que ele tem no ombro esquerdo já estaria curada.
 
Lula, porém, preferiu apelar para o conhecimento milenar da medicina chinesa para curar o problema, uma inflamação do tecido que envolve as articulações e que funciona como um amortecedor de impactos dos movimentos, a bursa.
 
Há uma semana, Lula tem se submetido a sessões diárias de acupuntura, aliadas à fisioterapia, para aliviar as dores que o incomodam desde a campanha. Reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federeal de Medicina (CFM) em meados da década de 90, a acupuntura é um tratamento eficaz para o combate e a redução da dor.
 
“Ela estimula, nos pontos energéticos que existem no corpo, terminações nervosas que liberam endorfinas que produzem efeitos analgésicos no organismo”, explica o médico acupunturista Antônio Oscar, da Associação Médica Brasileira (AMB). De modo geral, acrescenta ele, 15 sessões são suficientes, mas como os chineses tratam do organismo como um todo e não apenas do problema específico, é um tratamento que deve ser feito continuamente. “Mas na terceira sessão, as dores já estão bem menos intensas”.
 
Se as agulhas não funcionarem, Lula pode tentar o auxílio de bambus, bolinhas, almofadas e castanhas usadas na eutonia, uma técnica desenvolvida por uma alemã radicada na Dinamarca no início do século passado. O método estimula a percepção da pele e dos ossos e faz com que o paciente utilize a gravidade para deixar os movimentos do corpo mais leves.
“A eutonia vai regular o metabolismo para aliviar a inflamação, devolvendo fluidez ao líquido dentro da bursa e melhorando a articulação”, afirma Fúlvia Ducca, que faz parte da Associação Brasileira de Eutonia.
 
O tratamento, porém, é de médio e longo prazo. “O primeiro passo é uma observação geral de como o corpo está”, explica Fúlvia. O trabalho pode começar pelo pé, com a pessoa pisando em bambus e bolinhas. O ideal é tentar encontrar o foco da tensão que gera a dor em alguma parte do corpo. “Nem sempre esse foco está no local da dor. O trabalho visa distribuir a tensão por todo o corpo”, explica a especialista.
 
Outro método recomendado é a ventosaterapia, uma técnica que utiliza cúpulas de plástico para provocar a sucção na pele, em um procedimento que lembra as sangrias usadas na Idade Média. “A primeira sessão diagnostica os pontos mais graves de inflamação. Após a sucção que puxa a circulação, a pele volta ao normal. Onde existe inflamação, a pele fica mais vermelha. Nos pontos mais graves, ela pode ficar até preta, como se a pessoa tivesse sido golpeada”, diz a terapeuta Camille Elenne Egidio. Depois de localizada a causa da dor, o paciente pode usar a ventosaterapia em associação à acupuntura. “O ideal é um trabalho conjunto, que pode incluir a moxabustão. O problema do Lula pode vir da coluna cervical, mas a dor aparecer apenas no ombro. Ele pode estar tratando a dor erradiada e não a causa da dor. E a base da medicina alternativa é encontrar a causa”, diz.

ISADORA GRESPAN E ANDRÉ AMARAL
Jornal da Tarde – Janeiro de 2003

*Trecho em negrito retirado da entrevista realizada com a Diretora-Geral do Instituto Long Tao  – Camille Elenne Egídio – para o Jornal da Tarde de Janeiro de 2003.

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